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Revista de Poesia, Literatura & Artes, desde Janeiro de 2009.

... da totalidade das coisas e dos seres, do total das coisas e dos seres, do que é objeto de todo o discurso, da totalidade das coisas concretas ou abstratas, sem faltar nenhuma, de todos os atributos e qualidades, de todas as pessoas, de todo mundo, do que é importante, do que é essencial, do que realmente conta...
Em associação com Casa Pyndahýba Editora
Ano IV Número 46 - Outubro 2012

Conto - José Miranda Filho

Sem Título, acrílico sobre tela 100cm x 70cm, 2011 - Vitor Zapa
Encontro de Amigos - Parte 11

O aniversário de Arlington estendeu-se até a madrugada do dia seguinte. Saímos da festa e fomos direto para o hotel. Deitamo-nos e um sono profundo me dominou durante o resto da madrugada. No dia seguinte levantamo-nos às 11h00min horas e descemos ao restaurante do hotel para fazermos o nosso pequeno almoço, como é chamado o café da manhã na Europa.

Na Irlanda é a moda nativa: alimentos nutritivos e caloríficos: bacon, linguiça, batata assada, tomates e cogumelos fritos, algo que parece gudiguim – espécie de chouriço, um embutido, de origem desconhecida, talvez ligado ao étimo sauricium, torradas, vários tipos de pães, especialmente o pão de soda, uma especialidade irlandesa, uma boa manteiga também irlandesa, e eventualmente um salmão defumado. A manchete principal dos jornais irlandeses trazia uma reportagem sobre o primeiro-ministro do país envolvido num escândalo de corrupção financeira. Fiquei imaginando que aqui, como em qualquer lugar é tudo igual. Não é só no Brasil que essas coisas acontecem. Passei o resto do dia de ressaca. Não almocei. Dormi a tarde inteira. Às vinte e duas horas me levantei e fui a um pub próximo ao hotel tomar uma cerveja, enquanto Eva ficara assistindo na TV um noticiário sobre o Brasil, especificadamente sobre o folclore de São Luiz do Maranhão.

No pub, casualmente encontrei o casal de Cork, aquele que mantém o centro cultural. Ficamos conversando até 1 hora da madrugada. Sua esposa Anne é divertidíssima. Convidei-os a visitarem novamente o Brasil. A princípio acharam a ideia formidável, porém, decidiriam depois.

Não imaginava encontrar gente tão culta e alegre neste lado do mundo. Confesso-me surpreso de tanta simpatia e delicadeza com que fomos tratados por todos os irlandeses, que segundo imaginava, só gostavam de beber o dia todo. Puro engano! Apesar de serem adeptos de uma boa cerveja, e gostarem muito de frequentar bares, existe o outro lado da moeda. São muito cultos, praticam esportes e frequentam assiduamente os centros educacionais, e museus do município. Frequentar um pub na Irlanda faz parte da cultura do povo. Isso é muito comum por aqui. Existe um pub em cada esquina. Há diversos deles para qualquer classe: adolescentes, idosos, heterossexuais. Diversidade de cultura e tolerância são exemplos nesse país.

Estávamos nos dirigindo ao aeroporto quando o meu celular tocou. Era Edward desejando-nos boa viagem. Não pudera nos acompanhar porque havia comparecido a uma audiência na Suprema Corte de Justiça de Cork, sobre um acidente de automóvel (coisa rara) envolvendo um amigo dele, três anos atrás. Agradeci-lhe pela gentileza e seguimos o nosso caminho.

O aeroporto está há apenas três quilômetros do centro de Dublin. Chegamos exatamente às 15 horas (hora local) e o voo para Madri, onde faríamos escala para São Paulo, estava previsto para 00,00 horas. Na hora determinada fizemos o chek-in e embarcamos para Madri no voo 7456 da Ibéria.

Chegamos ao aeroporto de Bajarara, em Madri às 22h00min horas, (hora local). O free shop já estava fechado, por isso não pude comprar meu conhaque preferido “Cardenal Mendonza”. O voo havia se atrasado por trinta minutos.

Às 00h30min finalmente embarcamos no voo 7458 para São Paulo. Adormecemos na viagem, e às 7,00 horas do dia seguinte, depois de quase onze horas desembarcamos no Aeroporto Internacional de Guarulhos, São Paulo.

Dois dias depois de nossa chegada a São Caetano, tivemos notícias de nossos amigos de Dublin. Mandaram-nos um e-mail, notificando-nos que estavam de viagem marcada para Londres, onde iriam participar de uma conferência sobre literatura brasileira.

Durante quinze dias, não tivemos qualquer contato

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